domingo, 26 de junho de 2011
Ginasta potiguar fala de como chegou à seleção brasileira
Foi uma escolha difícil. Tirar uma menina então com sete anos de idade da casa onde sempre viveu, do convívio escolar, das aulas de ginástica com o professor que lhe descobriu e de toda sua rotina habitual. Cláudio Silva, hoje com 40 anos, e Ana Lídia, também com 40, tiveram que renunciar sua cidade natal, hábitos, costumes e até o emprego para apostar no futuro da filha, à época uma promessa do esporte local ou até mesmo apenas uma criança que sonhava em ser uma grande ginasta. Deu certo. A menina cresceu, no tamanho e no esporte, e hoje, aos 19 anos, volta a Natal como a única ginasta potiguar a fazer parte da seleção brasileira. Nesse meio tempo muita coisa aconteceu e o resultado positivo na carreira da atleta deve ser atribuído também à confiança que ela recebeu de seus maiores torcedores.
"O Flamínio, que era o treinador dela, comentava conosco que já estava na hora dela dar um salto maior na ginástica, porque tudo que eles poderiam ter feito por ela até aquele momento já tinha sido feito. Era hora dela ir para um centro maior", explica Cláudio Silva, pai de Ana Cláudia. E assim aconteceu. Depois de muita conversa em família ficou decidido que Ana Cláudia iria mesmo correr atrás do sonho de ser uma grande ginasta e tentar chegar à seleção. Começou aí uma pesquisa para saber qual seria o melhor local para a família ir morar na companhia da filha. Esse lugar, prioritariamente, teria que ser um grande pólo da ginástica brasileira. Na mesma época surgiu então Curitiba como a cidade que receberia o Centro de Excelência Nacional e Ginástica Olímpica. "Então nós decidimos que seria lá", conta o pai da atleta.
A adaptação, como era esperado pela família, foi aos poucos. "Logo de cara a primeira dificuldade foi o frio e a cidade maior, diferente de Natal", lembra Ana Lídia, mãe de Ana Cláudia. Para o pai, Cláudio, a habituação com a cidade também teve que passar pelo viés financeiro, já que ele deixou o emprego como agrônomo em uma grande empresa de avicultura daqui do Rio Grande do Norte para viver fora com a filha. A força de vontade da família e a consciência da decisão que tomaram foram os principais fatores motivadores para os pais e a irmã de Ana Isabelle, hoje com 17 anos, abraçarem a capital paranaense como sua nova casa. Cláudio conseguiu outro emprego como agrônomo, fez mestrado e doutorado na Universidade Federal do Paraná (UFRN). Hoje ele está fazendo pós-doutorado na área de agronomia na universidade e diz que a família já está totalmente habituada ao modo de vida curitibano. "Eu acho que o principal foi que nós sempre pensamos que ia dar certo e sempre acreditamos nisso", diz. "E hoje a gente vê que deu certo", completa.
Rotina de treinamentos é intensa e desgastante
Desde os 12 anos de idade na seleção brasileira, Ana Cláudia vive uma verdadeira maratona de treinamentos. São dois períodos de trabalho por dia, além de um trabalho de reforço muscular no intervalo entre eles. Tanto tempo dedicado ao esporte faz adiar alguns planos na vida da ginasta, como passar no vestibular, coisa que ela já conseguiu. Ela foi aprovada na UFPR no curso de educação física, mas nem teve como cursar na universidade curitibana. Em uma tentativa de nova experiência nos últimos anos, Ana Cláudia se mudou para o Rio de Janeiro para treinar no Flamengo. Para não perder a faculdade, conseguiu transferir a matrícula para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Lá passou um ano, mas, desta vez sem a companhia dos pais que ficaram em Curitiba, decidiu voltar para perto da família. Agora ela terá que passar novamente no vestibular para conseguir cursar educação física. O problema é tempo para isso. "Vou ter que esperar passar esse período do Mundial para pensar em fazer novamente o vestibular", diz. Para este ano o que ela quer mesmo é ficar entre as seis atletas que irão compor a seleção brasileira no Mundial de Ginástica, que acontecerá no Japão, e dos Jogos Panamericanos de Guadalajara, no México, em outubro.
Campeonato em Natal tem sabor especial
Tamanho reconhecimento como uma das principais ginastas do país tem suas consequências, e Ana Cláudia já está literalmente calejada nisso. Basta olhar suas mãos. Avermelhadas e cheias de marcas dos machucados, elas foram vistas por todo o mundo sangrando na última Olimpíada. Além dos profissionais que cuidam do acompanhamento médico da atleta, o pai Cláudio é uma espécie de fisioterapeuta familiar. Na base da insistência, nossa reportagem conseguiu fazer a foto dele fazendo massagem nos pés da atleta em pleno sofá da casa de sua avó após o primeiro dia de treinamentos para o Meeting Internacional de Ginástica de Natal, que encerra hoje no ginásio do campus universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Tímida e simpática, Ana Cláudia não gosta muito de fotos de machucados ou lesões, talvez em virtude do período em que teve que ficar longe da ginástica. "Passei um ano parada depois da cirurgia e agora é que estou voltando às competições", conta. O campeonato em Natal é apenas o segundo após a volta da atleta às competições, por isso está sendo encarado como uma oportunidade de avaliação para o Mundial. Hoje serão disputadas as finais da competição, que chega pela primeira vez a Natal. Para a potiguar, uma oportunidade para a divulgação do esporte. "Acho que a ginástica vai ganhar uma aceitação melhor na cidade, até porque foi uma iniciativa da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) trazer esse evento para cá", diz. Para ela, daqui para frente a tendência é que a cidade receba novos eventos importantes da ginástica e se torne uma nova referência na ginástica brasileira.
"O Flamínio, que era o treinador dela, comentava conosco que já estava na hora dela dar um salto maior na ginástica, porque tudo que eles poderiam ter feito por ela até aquele momento já tinha sido feito. Era hora dela ir para um centro maior", explica Cláudio Silva, pai de Ana Cláudia. E assim aconteceu. Depois de muita conversa em família ficou decidido que Ana Cláudia iria mesmo correr atrás do sonho de ser uma grande ginasta e tentar chegar à seleção. Começou aí uma pesquisa para saber qual seria o melhor local para a família ir morar na companhia da filha. Esse lugar, prioritariamente, teria que ser um grande pólo da ginástica brasileira. Na mesma época surgiu então Curitiba como a cidade que receberia o Centro de Excelência Nacional e Ginástica Olímpica. "Então nós decidimos que seria lá", conta o pai da atleta.
A adaptação, como era esperado pela família, foi aos poucos. "Logo de cara a primeira dificuldade foi o frio e a cidade maior, diferente de Natal", lembra Ana Lídia, mãe de Ana Cláudia. Para o pai, Cláudio, a habituação com a cidade também teve que passar pelo viés financeiro, já que ele deixou o emprego como agrônomo em uma grande empresa de avicultura daqui do Rio Grande do Norte para viver fora com a filha. A força de vontade da família e a consciência da decisão que tomaram foram os principais fatores motivadores para os pais e a irmã de Ana Isabelle, hoje com 17 anos, abraçarem a capital paranaense como sua nova casa. Cláudio conseguiu outro emprego como agrônomo, fez mestrado e doutorado na Universidade Federal do Paraná (UFRN). Hoje ele está fazendo pós-doutorado na área de agronomia na universidade e diz que a família já está totalmente habituada ao modo de vida curitibano. "Eu acho que o principal foi que nós sempre pensamos que ia dar certo e sempre acreditamos nisso", diz. "E hoje a gente vê que deu certo", completa.
Rotina de treinamentos é intensa e desgastante
Desde os 12 anos de idade na seleção brasileira, Ana Cláudia vive uma verdadeira maratona de treinamentos. São dois períodos de trabalho por dia, além de um trabalho de reforço muscular no intervalo entre eles. Tanto tempo dedicado ao esporte faz adiar alguns planos na vida da ginasta, como passar no vestibular, coisa que ela já conseguiu. Ela foi aprovada na UFPR no curso de educação física, mas nem teve como cursar na universidade curitibana. Em uma tentativa de nova experiência nos últimos anos, Ana Cláudia se mudou para o Rio de Janeiro para treinar no Flamengo. Para não perder a faculdade, conseguiu transferir a matrícula para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Lá passou um ano, mas, desta vez sem a companhia dos pais que ficaram em Curitiba, decidiu voltar para perto da família. Agora ela terá que passar novamente no vestibular para conseguir cursar educação física. O problema é tempo para isso. "Vou ter que esperar passar esse período do Mundial para pensar em fazer novamente o vestibular", diz. Para este ano o que ela quer mesmo é ficar entre as seis atletas que irão compor a seleção brasileira no Mundial de Ginástica, que acontecerá no Japão, e dos Jogos Panamericanos de Guadalajara, no México, em outubro.
Campeonato em Natal tem sabor especial
Tamanho reconhecimento como uma das principais ginastas do país tem suas consequências, e Ana Cláudia já está literalmente calejada nisso. Basta olhar suas mãos. Avermelhadas e cheias de marcas dos machucados, elas foram vistas por todo o mundo sangrando na última Olimpíada. Além dos profissionais que cuidam do acompanhamento médico da atleta, o pai Cláudio é uma espécie de fisioterapeuta familiar. Na base da insistência, nossa reportagem conseguiu fazer a foto dele fazendo massagem nos pés da atleta em pleno sofá da casa de sua avó após o primeiro dia de treinamentos para o Meeting Internacional de Ginástica de Natal, que encerra hoje no ginásio do campus universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Tímida e simpática, Ana Cláudia não gosta muito de fotos de machucados ou lesões, talvez em virtude do período em que teve que ficar longe da ginástica. "Passei um ano parada depois da cirurgia e agora é que estou voltando às competições", conta. O campeonato em Natal é apenas o segundo após a volta da atleta às competições, por isso está sendo encarado como uma oportunidade de avaliação para o Mundial. Hoje serão disputadas as finais da competição, que chega pela primeira vez a Natal. Para a potiguar, uma oportunidade para a divulgação do esporte. "Acho que a ginástica vai ganhar uma aceitação melhor na cidade, até porque foi uma iniciativa da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) trazer esse evento para cá", diz. Para ela, daqui para frente a tendência é que a cidade receba novos eventos importantes da ginástica e se torne uma nova referência na ginástica brasileira.
Por Luan Xavier, especial para O Poti.
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